segunda-feira, 17 de novembro de 2008

I

Kim Sung Jin
Acontece anoitecer, amor, sem suspeita aos teus olhos –/
o meu corpo peregrino vai tombando no seu caminho: solitário,/ triste e vazio, como vazios, tristes e solitários ficam os meus/olhos exilados do teu aparecer. E apenas a chuva generosa/ o reconforta, amor, de sucumbir distante e inacontecido. Essa/ água abundante é a única presença toldando e embriagando,/ quando já sem forças regresso, lentamente, sem querer revisitar/ os acontecimentos de mais um dia inútil e gasto à espera do/ possível (des)embaraço. E açulada pela minha fraqueza, amor,/ acontece anoitecer amortecendo para fugir ou para reter o que é/ possível. Como se fosse possível saberes ou adivinhares que/ anoiteço com uma mordaça que me impede de dizer tudo o que/ poderia acontecer se doente não estivesse (amor), se em tudo/ pudesse ser diferente ao teu lado, anoitecendo em silêncio. O/ silêncio à tua volta – voltada do avesso para acontecer,/ anoitecer amor junto a ti.

Sem comentários: