sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CORO

TANZANIA..TANZANIA - Darwin's Nightmare


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Se a minha palavra se abeirasse dos teus olhos
não sei se seria um lago, neve, iogurte dentro do prazo, a leve vida,/
ou Elisa cantando: Tanzânia, T-a-n-z-â-n-i-a, T-a-n-z-â-n-i-a,/
T-a-n-z-â-n-i-a sem adivinhar um punhal
levando a morte ao seu corpo;

sei, talvez, que essa palavra seria sempre um objecto secundário,/
um acessório de uma memória suja, demente ou ambição de vertigem /
face de um fragmento rudimentar com que irias à procura
de qualquer coisa que te lembrasse
que não existe diz-que-diz-que na solidão
essa pele que absorve a sombra da noite
outra vez vem ter comigo, imploro!
— a mão de Sacha nas mãos

da mãe de Sacha; os olhos das mães crescendo
como a tensão nas mãos da mãe de Sacha —
tanta face de lume! quando pensas noutro humano
tão impartilhável como é para mim o teu corpo de remendos,
depois vêm as palavras que seguram
o homem empoleirado, podando a preceito os ramos
de árvores russas, isso, as árvores eram russas,
as copas das árvores russas, a cidade ao fundo,
um enquadramento, um plano
tal como o rosto de infância a ser enterreado
na improvisada vala comum,
a areia tapando o rosto infantil de olhos abertos,
os corpos amontoados na carrinha de caixa aberta,
mas esse relâmpago em câmara-lenta — a última imagem — os olhos abertos/
o bebé, e outras palavras juntam-se a ti: manga-curta manga-comprida

porco-preto porco-branco

« o porco-preto é mais difícil de conseguir, corre mais»

e ficas a pensar na possibilidade do nome das coisas, das tuas coisas quotidianas,/ tão próximas da tua indiferença,

« o porco-preto é mais difícil de conseguir, corre mais»



(...) Continua ...

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